domingo, 25 de novembro de 2012

Redenção

Gota salgada que tem a própria vontade,
Será que fala a mesma língua que eu?
Que força é essa que lhe persuade?
Por que nossa comunicação se perdeu?

Fechei a porta, não lhe concedi espaço...
Tinha medo do que poderiam pensar, 
Se vissem que você de mim era um pedaço,
Que eu não era forte como queria acreditar.

Foi assim que nosso relacionamento
Passou a um nível tão secreto:
Nos encontrávamos naquele momento
Em que a única testemunha fosse o teto.

Penso que, por vingança, você me pune.
Se lhe magoei, não foi minha intenção;
É que pensei que era melhor ser imune
Do que ser sujeita a tal intervenção.

Peço desculpas… Sei que a culpa é minha
Sem perceber, hoje vejo que lhe adestrei
A só me visitar quando estivesse sozinha.
Quero, agora, revogar minha própria lei.

Não lhe peço para ser impertinente,
Mas que saiba que não quis lhe expulsar.
Também não quero sua presença frequente
Só que esqueça aquela lição sem pensar.

Parece estranho, eu sei, chamar você
E é aí que está o mais incrível...
Essa solicitação tem, sim, um porquê:
Não quero que me pensem insensível.

Creio que eu era a única, sim, 
Que você ignorou naquela sala.
Antes eu não veria como algo ruim,
Mas hoje isso muito me abala.

Meus olhos ardiam, mas em vão
Pois lhe ensinei a ser, como eu, obediente.
Você não quebraria minha regra, não
Por causa de um capricho inconsistente.

"Como é que você consegue?" - disse ela
Respondi que era por causa da multidão
Ela então, sem perceber, me flagela:
"Quem não chorou não tem coração."

DCS

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